quinta-feira

Não Foram Graffiters quem Vandalizou a Sede SerCascais...





A comunidade de Graffiters de Cascais veio assegurar que não tem nada a ver com o acto de vandalismo perpetado contra a sede de candidatura do Movimento Independente SerCascais, demarcando-se do acto e demonstrado solidariedade perante a inaceitável destruição do equipamento e a cobarde mensagem político que ali foi deixada.

Afirmando o seu apoio ao movimento e à candidata Isabel Magalhães, os graffiters verdadeiros teceram duras críticas ao acto praticado. Para comprovar isso, transformaram a cobarde mensagem que os vândalos tinham deixado num bonito mural de apoio à candidatura independente, sublinhando que "querem fazer parte da onda que vai mudar Cascais".

Vale mesmo a pena SerCascais!





quarta-feira

Manuel Alegre, as Estrelas Independentes e a Verdadeira Democracia




O verdadeiro turbilhão político que actualmente se vive em Itália, a braços com um processo eleitoral pouco tradicional e a possibilidade de os resultados virem a complicar ainda mais a já de si complicada vida política na Europa Federada em que nos meteram, levou a que o histórico socialista Manuel Alegre, antigo candidato ao cargo de presidente da república, tenha concluído publicamente que a situação actual é “o início da implosão do sistema político tal como ele existe”.

Esta análise, óbvia no sentido em que se torna fácil perceber que os resultados eleitorais naquele País assentam num processo profunda e assumidamente demagógico que procura contornar a enorme falta de credibilidade dos partidos políticos tradicionais, esbarra, no entanto, nas conclusões que Alegre retira deste facto. Diz ele,  que estes resultados são “uma rebelião contra a democracia”.

E errou. Errou profundamente, porque se o que está a acontecer em Itália é a prova mais evidente de que a democracia partidária não é a solução para os problemas da Europa nem dos países que a compõem, a reacção da população ajuda a perceber que o sistema que temos não os represente e que, por isso, qualquer solução alternativa é considerada melhor do que aquilo que actualmente temos.

Mas Manuel Alegre não percebeu, possivelmente devido à incapacidade que tem de ver para além do sistema partidário em que viveu toda a sua vida, que o resultado do que está a passar-se em Itália será exactamente o reforço da democracia. Apesar do expectável fim dos partidos políticos tradicionais, a nova dinâmica independente que está a nascer, e que já vive nas expectativas e nos projectos de vida dos Europeus, resultará inevitavelmente no reforço da representatividade popular e, por consequência, no reforço da verdadeira democracia.

O vínculo cada vez mais forte dos independentes, independentes dos partidos políticos tradicionais, dos interesses que esses partidos representam e, sobretudo, da lógica organizada de controle efectivo do Estado contra a vontade, o interesse e as dinâmicas da população, resultará num novo paradigma político que dará forma a uma nova Europa certamente unida mas não federada e assente no reforço identitário das nações que a compõem.

Por isso, as cinco estrelas independentes que despertaram os Italianos e aterrorizaram a Europa, mais não são do que um primeiro passo no sentido de um verdadeira democracia. Livre e Independente!

terça-feira

Querem Calar Cascais e os Cascalenses!




Menos de 24 horas depois da inauguração da sede SerCascais, alguém vandalizou o espaço pela calada da noite e deixou uma absurda mensagem de apelo à violência que mostra bem o impacto que a candidatura independente está a ter.

Para além de uma marca de bala colocada na testa da imagem de Isabel Magalhães (numa vã tentativa de amedrontar a candidata independente?...),  o slogan do movimento foi alterado, tendo substituído a mensagem “Sem Partidos”  por um expressivo “Gosta de Partidos”! De resto não estragaram mais nada... era só mesmo para dizer o que tinham a dizer...

Afinal, contra tudo o que se diz por aí, parece que está mesmo a fazer mossa junto das estruturas partidárias a proposta livre e independente do SerCascais! Afinal, parece que os partidos têm mesmo medo de que os Cascalenses possam ter voz activa no futuro deste Concelho!...

Vale a pena SerCascais.




A Tapada e o Palácio das Necessidades: Segredos da História de Lisboa..




por João Aníbal Henriques


À medida que vamos subindo a rua e deixando para trás as lojas antigas e sombrias de Alcântara e os velhos restaurantes cheirando a fritos e a ranço que acompanham bulício do largo principal da cidade, vemos sentido no ar um aroma cada vez mais especial.

A Tapada das Necessidades, logo ali em frente, foi completamente reformulada em termos vegetais pela genialidade do Rei Dom Fernando II, casado com Dona Maria II e proveniente da Dinastia Germânica de Saxe-Coburgo-Gotha, possuído uma vastíssima colecção de espécies exóticas que emprestam a toda a vizinhança um magnífico perfume natural.

Possivelmente devido à complexidade dos acessos, caracterizados pela exiguidade as ruelas e pelo facto de geralmente desembocarem em pequenos largos sem saída, são muito poucos os carros que por ali circulam e, possivelmente por esse motivo, impera por ali um inesperado silêncio que quase nos faz esquecer que estamos em pleno centro da Cidade de Lisboa e muito próximo de uma das artérias principais.

Embora não seja possível visitar o palácio, onde funciona desde 1910 o Ministério dos Negócios Estrangeiros, nem tão pouco as instalações antigas do velho convento que pertenceu à Ordem do Oratório, a entrada nos jardins da Tapada é livre e permite conhecer melhor um dos segredos mais agradáveis da capital.



Conjugando a vertente de jardim formal, bem patente nas alamedas frondosas que o compõem e nos espaços ajardinas de gosto Francês, com uma componente romântica que não é estranha ao conjunto de memórias que por ali subsistem dos muitos reis e rainhas que ali habitaram, a Tapada das Necessidades apresenta-se num misto ecléctico de estilos que se impõem à paisagem e que desperta o interesse de quem a visita.

Composta originalmente por várias parcelas de pequenos terrenos agrícolas que foram expropriados ao proprietários por iniciativa do Rei Dom João V, que ali pretendia criar uma zona de caça e uma cerca para o convento que acabara de se instalar, a tapada possui hoje cerca de 10 ha de terreno onde são muitos os motivos de interesse.

Em termos de memória, a mais forte que por ali se mantém, é certamente a do Rei Dom Pedro V que, casado em 1858 com a Princesa Dona Estefânia de Hohenzolen-Sigmaringen, procedeu a uma profunda remodelação do espaço para o aproximar do gosto requintado da sua mulher. Conjugando a modernidade parisiense de que Dona Estefânia tanto gostava com gosto romântico de Dom Fernando II, seu pai, Dom Pedro V foi aquele que mudanças mais profundas imprimiu ao espaço, tendo-o transformado em termos formais em algo de muito próximo à realidade que hoje ali encontramos.



A morte prematura e dramática da sua mulher, seguida, pouco tempo depois, também da sua, marcou o fim de um período de pouco mais de um ano de grande fulgor para o espaço, que assistiu a algumas das mais impressivas expressões de sentimento por parte dos Portugueses e dos Lisboetas que ali foram maciçamente despedir-se dos seus soberanos.


Depois da morte de Dom Pedro V e da subida ao trono do seu irmão, o Rei Dom Luís, que escolheu o Palácio da Ajuda para residência oficial, o Palácio das Necessidades perdeu importância e transformou-se numa mera residência pontual para visitantes estrangeiros ilustres que chegavam à capital.

A importância só foi recuperada durante o reinado de Dom Carlos I que voltou a transformar o Palácio das Necessidades em residência oficial, tendo empreendido obras de algum vulto que o dotaram das comodidades modernas necessárias às suas importantes funções diplomáticas na Europa de então.

Depois da implantação da república, o Palácio e o antigo Convento foram transformados no Ministério dos Negócios Estrangeiros, função que ainda hoje desempenham, tendo a tapada mantido de espaço de idílio da capital.

Do antigo moinho de vento que evoca os antigos tempos da vivência agrícola do local, às estufas monumentais em ferro forjado e vidro que Dom Pedro V mandou construir para usufruto da sua mulher, ou mesmo ao antigo atelier de pintura da Rainha Dona Amélia ou os courts de ténis mandados construir por Dom Carlos I para os príncipes Dom Luís Filipe e Dom Manuel, são muitos e variados os motivos de interesse e os segredos magníficos que guarda este lugar tão especial. 










segunda-feira

O Primeiro Dia SerCascais... com Isabel Magalhães




Ontem foi "o primeiro dia do resto de uma nova vida"... palavras de Isabel Magalhães, Presidente do Movimento SerCascais e candidata independente à presidência da Câmara Municipal de Cascais, durante a cerimónia de abertura da sede do movimento em Cascais. No discurso inaugural, a advogada de Cascais sublinhou a necessidade de reforçar os vínculos de representatividade política entre os eleitos e os eleitores, fomentando a cidadania activa e recriando um paradigma que devolva Cascais aos Cascalenses. Isabel Magalhães dá assim o primeiro passo em direcção ao cumprimento de um projecto político iniciado há já mais de 20 anos com a criação da Fundação Cascais... Porque vale a pena SerCascais!













quarta-feira

E Depois do Adeus...




por João Aníbal Henriques

A grave crise que vem afectando o País, com implicações em milhares de pessoas e em diversos sectores de actividade, também trouxe perspectivas menos boas para o Concelho de Cascais.

O sector turístico, ou seja, aquele que suporta a tão propagada Vocação Municipal, acabou por ressentir-se da decisão política assumida pela Câmara Municipal de Cascais de extinguir a centenária marca internacional “Estoril”, e o seu parque hoteleiro, que aguarda ansiosamente boas notícias ao nível da promoção da região para empreender uma vultuosa campanha de modernização das suas principais estruturas, acabou por se resignar às circunstâncias.



Para grande pena da generalidade dos Cascalenses, a maioria das outrora excepcionais unidades hoteleiras cascalenses já não existe.

Do Hotel Miramar ao Hotel Itália; passando pelo Hotel Nau, pelo Monte Estoril Hotel, ou pelo Hotel Estoril-Sol; muitas são as unidades que, mercê da sua antiguidade e da necessidade de investimentos que lhes permitissem uma adaptação aos modernos conceitos de qualidade, se viram obrigados a encerrar, enviando para Lisboa, Oeiras e Sintra os seus principais clientes.

As cinco estrelas de outros tempos, ou sejam, o símbolo de qualidade que atraía clientes com capacidade financeira para consolidarem o tecido empresarial local, dando ensejo ao comércio e aos serviços a ele associados, foram hoje substituídos por novas unidades que, apesar da sua reconhecida qualidade, precisam urgentemente de se impor nos mercados internacionais. Com excepção de pequenas unidades de extrema qualidade reconhecida por muitos anos de excelente trabalho a receber quem nos visita, como é o caso do Hotel Albatroz ou do Hotel do Guincho, as novas cinco estrelas do nosso Concelho passam grandes dificuldades para se imporem no mercado, ao mesmo tempo que deixam para trás hotéis ocupados maioritariamente por ‘packs’ de turistas de ‘pé-descalço’, sem dinheiro para gastar, e que conspurcam os nossos jardins com os restos ressequidos das sandwiches compradas nos hipermercados que os alimentam durante a estadia.



A opção de um turismo de qualidade, assumida por Cascais logo nos finais do Século XIX, está hoje comprometida politicamente. Apesar de todos a assinalarem como espécie de farol que guia aqueles que nos governam, e de essa opção surgir nos programas eleitorais de todos os partidos, são cada vez mais raros aqueles que sabem o que se deve fazer para a atingir, em contraponto com os actuais responsáveis políticos de Cascais que estão convictos de que o caminho é o da suburbanidade e da extinção dos velhos pergaminhos da região.

A inexistência de uma visão de conjunto, que permita articular as inúmeras assimetrias que actualmente caracterizam o Concelho de Cascais, acaba por comprometer a consolidação da nossa vocação. A revisão do PDM que está actualmente em curso, atroz se pensarmos que oficializa o discurso e a postura oficial, é um importante contributo para a completa subversão de Cascais e  para o assumir desta região como um efectivo dormitório incaracterístico da Grande Lisboa.

Precisamos cada vez mais de um fluxo turístico que assuma Cascais como destino, e que visite esporadicamente Lisboa, Sintra e Mafra; precisamos de uma rede de operadores que promova lá fora as inúmeras mais valias deste Concelho… precisamos de um poder político que conheça e compreenda a região e que tenha a capacidade para gerir as inúmeras mais valias de Cascais e da Costa do Estoril.

Só que, por outro lado, precisamente também de uma intervenção requalificante nos nossos centros urbanos; precisamos de acabar com a proliferação de construções clandestinas; precisamos que criar um verdadeiro parque natural; precisamos de gerir convenientemente o nosso tráfego; precisamos de lugares de estacionamento; precisamos, enfim, de qualidade de vida para todos os Cascalenses.

Só assim, quando Cascais estiver devidamente organizado, podemos aspirar a obter novamente o cunho de qualidade que foi desaparecendo a partir de 1974.

E depois do adeus que vamos dizendo à qualidade que nos caracterizou ao longo dos últimos cem anos, resta-nos esperar que as eleições autárquicas deste ano nos tragam a vontade política permita gerir de forma conveniente e integrada este nosso Concelho de Cascais. 



terça-feira

Abertura da Sede SerCascais

 
 
 
Domingo, dia 24 de Fevereiro! Abertura da sede SerCascais!

16h00 - Abertura
16h30 - Pinturas "Rupestres" SerCascais
17h30 - Intervenção de Isabel Magalhães
18h00 - Música ao Vivo
18h30 Lanche

Não perca! Confirme a sua presença através do email info@sercascais.pt!

Traga os seus flhos, netos, bisnetos, amigos, avós, tios e primos!

(Avenida 25 de Abril, antes do Hotel Cidadela, em Cascais)

quinta-feira

Condenados às Galés pelo Futuro de Cascais





por João Aníbal Henriques


Quando Cascais era ainda uma pequena e quase insignificante vila recém-criada, o seu povoamento mereceu uma especial atenção do também recém-eleito Rei D. João I de Portugal. 

Numa carta datada de 15 de Novembro de 1385, quando o seu fiel vassalo Dr. João das Regras estava prestes a transformar-se em donatário do Concelho, o popular Rei procura criar incentivos que ajudassem a fixar novos habitantes à terra de Cascais. Nesse documento, inédito pela forma como pretende intervir no devir natural da localidade, D. João I ordena que os Cascalenses que habitem na Vila de Cascais não podem ser forçados a embarcar nas galés como acontecia na generalidades das póvoas marítimas portuguesas.

O alcance desta medida foi de tal ordem que Cascais conheceu, a partir dessa data, um aumento exponencial da sua população, criando assim uma comunidade autónoma e solidamente estruturada, que suportou (por vezes de forma heróica) as contrariedades de mais de 618 anos de História.

O discernimento do Rei, e a enorme consciência que demonstrou ter relativamente aos interesses de Cascais ao promulgar este decreto, contrasta de forma quase dramática com a situação que hoje vivemos.

Sete décadas depois, e com um índice populacional que coloca o Concelho quase no topo da tabela dos mais populosos do País, Cascais debate-se com problemas variados que resultam de uma crescente anomia social e de uma descaracterização preocupante.

O incentivo criado no Século XIV parece que resultou de forma eficaz, porque Cascais depressa se transformou num dos mais atractivos Concelhos de Portugal, para o qual continuaram (e continuam ainda) a afluir anualmente milhares de novos habitantes.




Ao contrário do que acontecia nessa altura, em que o poder político sabia exactamente quais eram ao males que Cascais possuía, e sobretudo quais eram os remédios que deveriam ser utilizados para os combater, o Cascais actual parece vogar incólume ao largo das evidências. O acréscimo populacional que resultou da falta de regras efectivas de crescimento do Concelho, agregado ao laxismo que culminou no aparecimento de milhares de bairros clandestinos, não foi acompanhado de medidas e/ou planos que permitissem uma real integração comunitária dos recém-chegados.

A sociedade cascalense, ferida de morte de cada vez que chegava a Cascais mais um agregado familiar sem relações com o Concelho, foi-se descaracterizando progressivamente. As infra-estruturas, por seu turno, foram também ficando cada vez mais desadequadas perante a realidade local.

Do trânsito até aos esgotos, passando pelo ambiente, pela segurança, pela saúde ou pelo património, tudo foi perdendo qualidade, quase até ao ponto de transformar Cascais num mero subúrbio incaracterístico de Lisboa.




Em 1385, para além da consciência que o poder teve relativamente à realidade local, houve coragem para tomar medidas concretas que fossem atractivos à fixação da população e que permitissem resolver o despovoamento que nessa época afectava Cascais.

Hoje, perante a passividade de quem nos governa, resta esperar que haja alguém que, para resolver o problema do sobre-povoamento, decrete a obrigatoriedade de forçar a entrar nas galés aqueles que, por inoperância, incompetência, ou meramente por distracção, não tomam as medidas que precisamos para resolver os problemas de Cascais.



terça-feira

Palavra de Honra! O Caso do Yacht Thermopylae Afundado na Baía de Cascais

 
 
 
Depois de muitos anos de pesquisas e esforços inglórios, um conceituado investigador marítimo terá finalmente conseguido determinar com precisão o ponto da Baía de Cascais onde estão submersos os destroços do Clipper Thermopylae.
 
A história desta embarcação faz parte dos anais da própria História da Navegação Mundial. Construído no Século XIX por um importante armador britânico, o Thermopylae foi, durante várias décadas, uma das principais jóias marítimas da Coroa Inglesa.
 
De porte robusto, e com os seus três mastros oferecendo-lhe uma imponência difícil de igualar, o Thermopylae foi durante muito tempo o veleiro mais veloz do Mundo, mantendo uma rivalidade permanente com o seu conterrâneo Cutty Sark que ainda hoje faz as delícias dos amantes do mar e dos desportos náuticos. Conta-nos o Comandante Peter Kemp “que o mais rápido clipper que se construiu em qualquer época foi o Thermopylae, no seu tempo o orgulho do serviço da Marinha Britânica”.
 
Depois da chegada do vapor, e depois de centenas de missões cumpridas com êxito sob bandeira britânica, o Thermopylae foi vendido em hasta pública e adquirido por Portugal. A partir dessa altura, com o nome de “Pedro Nunes”, calcorreou as águas sob domínio português como navio-escola, e continuou a sua carreira de sucesso e prestígio.
 
Em 1907, depois de Portugal ter adquirido as suas primeiras embarcações a motor, o Thermopylae deixou novamente de servir, tendo sido encostado à Doca de Santos, em Lisboa, onde esteve durante algum tempo a servir de cais para descarregamento de carMas as autoridades portuguesas de então, cientes do prestígio, da fama, e da história fantástica do navio, depressa perceberam que aquelas funções não estavam de acordo com o Thermopylae. E a opção era uma de duas: o desmantelamento e a venda como sucata, tal como acontecia normalmente em situações semelhantes; ou o seu afundamento puro e simples, para que repousasse em paz nas águas profundas do oceano para o qual havia sido construído.
 
No dia 13 de Outubro de 1907, no âmbito de um festival naval realizado em Cascais sob protecção de Sua Majestade o Rei D. Carlos, que era simultaneamente o Comodoro do Clube Naval de Lisboa, o Thermopylae foi afundado ao largo da Vila, servindo de alvo aos torpedeiros que a Marinha de então estreava.
 
Com pompa e circunstância, e cumprindo todo o cerimonial inerente ao desaparecimento daquele que era já então uma lenda dos mares, o povo de Cascais assistiu dignamente ao afundamento do navio, que foi acompanhado de salvas de palmas e de disparos de honra dos canhões da Cidadela.
 
De acordo com as notícias de então, pretendia-se “poupar ao Thermopylae a ignomínia da venda para sucata”, oferecendo-lhe um desaparecimento digno do seu nome.
 
Estranhos tempos esses em que o Estado Português, que poderia ter arrecadado nos seus cofres uma verba substancial com o desmantelamento do navio, tenha optado por fazê-lo desaparecer, em prol da honra, da memória e da história de um barco. Estranhos tempos esses em que ainda não se falava de democracia mas em que o respeito, a lealdade e a transparência imperavam. Estranhos tempos esses em que o Rei Dom Carlos dizia acerca de cascais “que era a terra onde o povo era mais nobre e onde a nobreza era mais popular!”
 
Palavra de honra!

segunda-feira

Politicamente Correcto: Duarte Pacheco e a Urbanização da Costa do Estoril



No dia 30 de Outubro de 1932, quase dez meses depois do início das obras de construção da actual Estrada Marginal, o Ministério das Obras Públicas deu início à segunda fase dos trabalhos.

Fazia parte do projecto inicial do Engº. Duarte Pacheco, complementando a componente de melhoramento de acessibilidades à Costa do Estoril, a criação de uma envolvente cenográfica que motivasse a actividade turística nesta região. A nóvel Estrada Marginal, com passeios de dois metros de largura em ambos os lados, calcetados “à antiga portuguesa”, com árvores colocadas de 5 em 5 metros, e com um murete em buxo que deveria ser interrompido de forma abrupta em todos os locais onde existissem motivos de interesse, era assim uma espécie de grande cenário onde os poucos automobilistas que existiam naquela época deviam circular de forma lenta e compassada, assegurando assim o usufruto total da riqueza paisagística da região.




Esta estrada, preparada cuidadosamente e decalcada de outras semelhantes que nessa altura surgiam nas principais estâncias turísticas do norte da Europa, mostrava um Cascais verdadeiramente espectacular, tapando cuidadosamente os troços mais degradados que, de acordo com o projecto, deveriam ser corrigidos ao longo da década de 40.

Complementarmente, e prevendo que o atractivo da Marginal suscitaria um incremento do interesse por Cascais, Duarte Pacheco projectou a construção de uma autoestrada que sairia das Amoreiras, em Lisboa, e se estenderia até ao Guincho. É que, segundo a memória descritiva do projecto, não seria possível assistir ao aumento de população criado pelos atractivos que a Marginal suscitava, sem que, em alternativa, se criassem também circuitos de acesso rápido que motivassem a instalação de indústrias e serviços que apoiassem a nova comunidade nascente.

Mas como Duarte Pacheco sabia que o surto de construção provocado pelo incremento da qualidade de vida na Costa do Estoril,  traria problemas sociais totalmente diferentes dos que existiam até aí, optou ainda por tomar a iniciativa de preparar aquele que foi um dos primeiros planos de urbanização portugueses: o Plano de Urbanização da Costa do Sol, mais conhecido como PUCS, que ficou concluído em 1948.

Da conjugação destes três grandes empreendimentos, Duarte Pacheco pretendia retirar as condições necessárias à consolidação daquilo que hoje chamamos “vocação turística de Cascais”, através de um plano global que abarcava os aspectos relacionados com o urbanismo, com as acessibilidades, com o emprego e com o turismo.



O crescimento que se previa para o Concelho de Cascais, com a introdução destas novidades, devia dar-se de forma progressiva, ordenada e equilibrada, preservando o bem estar e a qualidade dos habitantes e residentes, e promovendo um incremento que acompanhasse a chegada de novos moradores.

De facto, quase nada aconteceu como o Ministro das Obras Públicas previu.

A inauguração da Marginal, acompanhada de um acréscimo substancial de automóveis e de circulação, fez-se sem que tivessem sido concluídos os acabamentos sonhados por Duarte Pacheco; nessa altura, com a morte prematura desse visionário ministro, deram-se por concluídas as obras de construção da autoestrada para Cascais, só concretizadas no troço que ia até ao Estádio Nacional, e privou-se o Concelho daquela que seria a sua mais importante artéria viária; e o PUCS, malgrado as suas boas intenções e espírito inovador, viu-se constrangido em regular somente uma estreita faixa do litoral concelhio.




Conclusão: Cascais cresceu de forma drástica no seu território interior, entupindo assim a cenográfica Estrada Marginal; no litoral, mercê do desenvolvimento de novas técnicas de engenharia que não existiam em vida de Duarte Pacheco, a paisagem foi quase completamente absorvida pelos edifícios de betão; e a tão sonhada vocação turística foi constrangida pela anarquia urbana que se instalou.

Apesar de tudo, a construção da Estrada Marginal e os projectos do PUCS e da Autoestrada de Cascais, são exemplos paradigmáticos daquilo que deveria ter sido o devir histórico deste Concelho.

Duarte Pacheco, homem de ideais mas também de trabalho prático e de capacidade concretizativa, faleceu cedo demais e não conseguiu acompanhar os resultados da sua obra. Por certo, se não fosse aquele fatídico acidente, teria garantido a concretização de todos os seus aspectos, e assegurado a eficácia da sua ideia.

A sua capacidade política, bem como o seu carácter visionário, são a prova viva de que é possível programar um desenvolvimento sustentável para Cascais.

Assim haja vontade, capacidade e... disponibilidade para o fazer!


Turismo e Património: Salvar a Identidade e a Memória Municipal de Cascais





É óbvio que as edificações, sejam elas quais forem, bem como todo o património existente, quer ele seja intelectual, cultural ou artístico, fazem parte integrante da vivência de um local ou de uma determinada zona, pois detém determinadas características que relatam a evolução dos tempos, em resumo, a sua história!

Cascais tem sido, ao longo dos tempos, um caso flagrante de desinteresse para as entidades oficiais no que respeita a essa característica própria “o nosso património”, onde, o que tem vingado sempre como “argumento de venda”, são as praias e o jogo…

Senão vejamos, em 1998, aquando do início da discussão pública acerca do novo PDM, a Fundação Cascais procedeu à organização de um “Levantamento Exaustivo” de edifícios com interesse público para a consolidação da identidade municipal. Quando fi terminado esse trabalho, cerca de cinco anos depois do seu início, já muitos dos mais importantes móveis entretanto edificados tinham desaparecido ou estavam em vias disso. A pressão urbanística, os muitos interesses que sempre se sobrepuseram aos interesses legítimos de Cascais e dos Cascalenses, ditaram que o processo de aprovação das várias demolições acontecesse com grande rapidez. Ta foi o caso, por exemplo,  palacete onde vivia a Condessa D´Edlla na Parede, da Casa Dário Dinis o centro de Cascais ou da malfadada Moagem de Carcavelos e de tantos outros que por força desses interesses vários acabam por sucumbir.




Mas esta prática absurda já vem de há muito tempo. As Grutas de São Pedro são um bom exemplo disso, pois embora nunca tenham sido exploradas turisticamente ou educacionalmente, hoje tornou-se impossível a sua recuperação, em virtude de um pretenso plano de requalificação do espaço ditado pela pena sábia de uns quantos iluminados que se sentam nos Paços do Concelho. Para que serviu esse levantamento se continuamos a delapidar parte da nossa vivência e a nossa história viva? Que turismo teremos sem sermos capazes de preservar a nossa identidade local?

Ao longo das últimas décadas, principalmente desde que se extinguiu a marca “Costa do Sol” a região de Cascais, passou a ser um destino com Sol, mas não de praia. Situada no tal triângulo cultural que se compõe a partir dos concelhos de Sintra, Cascais e Lisboa, que facilmente se percebe que oferecem uma panóplia de riquezas culturais com as quais a nossa terra não consegue ombrear, Cascais vai perdendo importância e significado, não tendo conseguido impor uma nova ordem e uma nova realidade para inverter esta tendência negativa que a tem vindo a afectar.

Com a recente extinção da marca turística “Estoril”, que arrastou consigo a já marcante “Costa do Estoril”, deu-se a machadada final num sector que foi pujante ao longo dos últimos 100 anos, e a partir do qual se consolidou a vocação e a própria identidade local.



 A decisão política de matar o Estoril, resultante de opções que derivam das necessidades egoístas de afirmação conjuntural de determinadas pessoas que têm em mãos os destinos de Cascais, terá repercussões terríveis em termos do devir municipal que, ultrapassando as fronteiras da mera promoção turística se farão sentir ao longo de varias gerações, não só em planos como os da educação, da saúde, da segurança ou do ambiente, como também, e principalmente, ao nível do património local.

Conhecer o património de Cascais, reconhecendo a sua importância ara a definição da identidade Cascalense, é um passo essencial em direcção à cidadania activa de que tanto necessitamos e pela qual pugnamos há já demasiado tempo. Só cidadãos conscientes, que possam intervir de forma dinâmica nos destinos do Concelho, poderão condicionar a nossa classe política de forma a que ela coloque os interesses de Cascais à frente dos seus. Isso, como é evidente, só se consegue atingir se formos capazes de perceber quem somos e como evoluímos ao logo dos últimos tempos.

Mas nem tudo é teoria neste descalabro em que se transformou a política local. Basta entrar num qualquer site de internet dedicado à promoção de Cascais para se perceber a pouca importância que a memória local tem. Onde estão as casas, as estórias e a História deste local? Onde estão as inúmeras mais-valias que Cascais possui e pode oferecer, e que são essenciais para que a vocação turística municipal seja assumida e para que esta região possa ser alternativa de qualidade na oferta turística Nacional?

Na realidade, é necessário e urgente requalificar turisticamente Cascais, dando a conhecer a sua vertente Patrimonial que engloba as vertentes Culturais, Arquitectónicas e Artísticas, pois só desta forma, poderemos defender e preservar as riquezas deixadas pelos nossos antepassados.





quinta-feira

Loanda - Escravas, Donas e Senhoras de Isabel Valadão





A vida é feita de memórias e de recordações. Situadas para além da matéria e independentes dela, as memórias que carregamos transportam consigo a magia associada ao acto de reviver momentos, situações, pessoas e locais que muitas vezes não existem já. Os mágicos, neste Mundo tão linear, são aqueles que possuem a capacidade de gerir emoções, fomentando memórias e subvertendo a realidade.

Isabel Valadão, autora do romance histórico “Loanda – Escravas, Donas e Senhoras” (Editora Bertrand 2012) é mágica. Condiciona o tempo e tem o dom de nos fazer recuar à Cidade de Luanda, em Angola, em pleno Século XVII. Um espaço pleno de sons, aromas e cores, no qual escravos, degredados e senhores partilham destinos, como se não houvesse tempo e como se o tempo não nos conseguisse tocar.

A arte de contar uma estória e, sobretudo, a capacidade de o cruzar com a História, requer um talento difícil de encontrar. Isabel Valadão faz isso sem esforço, de uma forma que raia a magia, carregando-nos o tempo e obrigando-nos a partilhar memórias que sentimos verdadeiramente mesmo sem lá termos estado.