quarta-feira

As Patinhas de Cascais - Passeio SerCascais com Isabel Magalhães




A chuva intensa, o frio cortante e uma imensidão de lama, deram forma ao cenário que acompanhou a líder do Movimento SerCascais - Isabel Magalhães -  num passeio extraordinário através das estórias antigas que deram forma à História de Cascais na Quinta das Patinhas, junto ao leito da Ribeira das Vinhas.  




Acompanhada por trinta intrépidos caminhantes, a também candidata independente à Câmara Municipal de Cascais nas eleições autárquicas que serão disputadas no final do ano, passou em revista as muitas potencialidades nunca aproveitadas que todo aquele vale possui e que urge rentabilizar.

Das azenhas plenas de tradição e História, até à grutas do Cabreiro e ao vale profundo e impressionante da Ribeira dos Marmeleiros, foi uma tarde de muitas memórias e de emoção à flor da pele. Cascais é, verdadeiramente, uma terra muito especial.

Como diz Isabel Magalhães: Vale a pena SerCascais!











quinta-feira

Fortes e Fortalezas de Cascais



por João Aníbal Henriques

Guarda avançada de Lisboa, a quem garantia protecção na entrada da barra marítima do Rio Tejo, Cascais foi sempre uma das peças fundamentais da estratégia defensiva da capital. Por isso, e ao longo de toda a sua História, foram muitas as estruturas defensivas que aqui foram construídas e os regimentos de homens que as vieram ocupar. Num périplo pelas fortificações marítimas e pela arquitectura militar, maravilhe-se com a forma como as pedras duras e as muralhas se espraiam em horizontes azuis repletos de sol e no recorto românticos das pequenas enseadas que outrora tiveram de guardar…

Trajecto:

Comece o seu passeio e admire o Forte do Facho em frente à Boca do Inferno. Siga pela Avenida Rei Humberto II de Itália e vire à direita no Beco do Farol até encontrar o portão do Farol de Santa Marta. Atravesse a ponte a contorne a fortaleza até chegar à Avenida Dom Carlos I. Saia da Fortaleza de Cascais e vire para a Rua Tenente Valadim e encontre a antiga porta do Castelo de Cascais e os restos a muralha. Desça a Rua Marques Leal Pancada até à praia, atravesse a esplanada e siga pela Rua Fernandes Thomaz, Rua da Saudade e Rua Frederico Arouca até ao Hotel Albatroz. Observe o antigo Baluarte de Nossa Senhora da Conceição onde está o Palacete Palmela. Continue pelo paredão até ao Estoril e admire o antigo Forte de Santo António da Assubida (actual Palacete Barros). Vire à esquerda contornando o Palacete Barros e suba a Rua de Olivença até encontrar o Forte Velho ou de São Pedro da Poça. Do outro lado da Praia da Poça, numa arriba sobranceira ao mar, está o Forte de São Teodósio da Cadaveira. Seguindo pela marginal, encontrará o Forte de Santo António da Barra a cerca de 1300 metros do seu lado direito.



01) Vigia do Facho / Boca do Inferno

Data de 1793 e é a única torre de vigia que subsiste do antigo sistema defensivo da Costa de Cascais. Servindo para reforçar a capacidade de observação da costa em ângulos de menor visibilidade, estas torres eram edificadas entre os fortes que guardavam os principais ancoradouros e eram equipados com um destacamento formado por um Cabo e por um Soldado.




02) Forte de Santa Marta

Construído no Século XVII por ordem de D. Luís de Menezes, o Forte de Santa Marta erguia-se junto ao espaço onde actualmente se encontra o farol. Os vestígios de muralhas que ainda subsistem são o que sobra da estrutura defensiva original que guardava a possibilidade de utilização da denominada Ponta do Salmodo para um eventual desembarque inimigo em Cascais. Há ainda notícia da existência neste mesmo espaço de uma antiga ermida do Século XVI dedicada a Santa Marta.




03) Cidadela de Cascais e Fortaleza de Nossa Senhora da Luz

Composta por várias fortificações construídas ao longo de várias épocas, a actual Fortaleza de Cascais compõe-se de vários espaços com forte impacto na paisagem e um grande interesse para uma visita. Na sua componente mais antiga, pode ver-se a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, datável do Século XV, que foi posteriormente reformulada durante a Dinastia Filipina (Século XVI) e durante o reinado de Dom João IV (Século XVIII). No Século XIX, a partir de 1870, a antiga Casa do Governador foi adaptado a Palácio Real, ali se instalado o Rei Dom Luís I e depois o seu filho Dom Carlos, durante o período estival. Importante é ainda a Capela de Nossa Senhora da Vitória, muito liga ao culto a Santo António.





 04) Castelo de Cascais

Quando em 1364 Cascais recebeu a sua Carta de Foral atribuída pelo Rei Dom Pedro, já a Vila possuía um castelo antiquíssimo que lendariamente remontava ao período da dominação árabe. Apesar de quase completamente destruído com o terramoto de 1755, subsistem ainda hoje alguns troços de muralha e a porta principal, junto à qual, durante muitas gerações, se reuniam os homens-bons do Concelho, para tomarem em conjunto as principais decisões de que a terra necessitava.




05) Baluarte de Nossa Senhora da Conceição / Casa Palmela

A construção do Baluarte de Nossa Senhora da Conceição, consta no Plano de Fortificação da Costa de Cascais, da autoria de Luís de Menezes e foi construído em meados do Século XVII. Situado estrategicamente num esporão sobre o mar, controlava os eventuais desembarques que poderiam acontecer no areal da Praia da Conceição e, a Nascente, em toda a linha de costa que se estendia até ao Estoril. No Século XIX foi vendido em hasta pública à Família Palmela e totalmente reformulado para habitação.



06) Forte de Santo António da Assubida / Palacete Barros

A fortificação original, denominada Forte de Santo António da Assubida e também conhecido como Forte da Cruz de Santo António da Subida, data do Século XVII e tinha como função principal o controle ao areal da actual Praia do Tamariz, cruzando fogo com o antigo Forte do Juncal que se situava onde hoje se encontra o Palacete Tamariz. No Século XX foi adquirido em hasta pública por João Martins de Barros que o demoliu, tendo sido construído no seu lugar o Palacete Barros com projecto do Arquitecto Cezane Ianz.




07) Forte Velho / Forte de São Pedro da Poça

Construído em 1642, depois da Restauração da Independência, estava ligado ao antigo Forte de São João através de uma muralha defensiva que protegia o areal da Praia da Poça, em São João do Estoril. A partir de 1947 e depois de muitas utilizações pontuais, foi entregue à então Junta de Turismo da Costa do Estoril que o transformou numa das mais requintadas e conhecidas casas de chá da região.




08) Forte de São Teodósio da Cadaveira

Originalmente envolvido de todos os lados por uma cortina de trincheiras, que funcionava como primeira linha de defesa, o Forte de São Teodósio da Cadaveira foi uma das mais importantes peças da estrutura defensiva da Costa de Cascais. Construído em 1642, integrado no reforço defensivo promovido por D. João IV depois da Restauração da Independência, perdeu as suas funções militares durante o Século XIX e está abandonado praticamente desde a construção da Avenida Marginal, em 1940, cujas obras obrigaram à demolição das suas estruturas de apoio.


 09) Forte de Santo António da Barra

Foi construído no final do Século XVI por ordem do Rei Espanhol D. Filipe II com projecto assinado por Vicenzio Casale. No princípio do Século XX é adaptado a colónia de férias do Instituto Feminino de Educação e Trabalho de Odivelas. A partir de 1968 ficou directamente ligado à História de Portugal, por ter sido ali que o Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar, teve o acidente durante as férias que o afastou do governo e lhe causou a morte. 

HENRIQUES, João Aníbal, Levantamento Exaustivo do Património Cascalense, Cascais, Fundação Cascais, 2000

segunda-feira

Ministro Pedro Mota Soares Abre Ano Académico da ALA - Academia de Letras e Artes




Decorreu na passada Sexta-feira a sessão solene de abertura do ano académico de 2013 da ALA – Academia de Letras e Artes.

A cerimónia deste ano serviu para homenagear o saudoso académico honorário Professor José Hermano Saraiva, falecido durante o Verão de ano transacto e assentou numa brilhante conferência proferida pelo académico Professor Doutor Carlos-Antero Ferreira que evocou, com o brilhantismo e sempre, a vida e a obra do homenageado.

Depois de uma breve alocução proferida pelo Presidente da ALA, Professor António de Sousa Lara a cerimónia seguiu com a intervenção de Sua Excelência o Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Dr. Pedro Mota Soares, que falou sobre a importância das instituições sociais na História de Portugal e também no momento de grande dificuldade que actualmente atravessamos.

Por fim, o Vice-Presidente da ALA encerrou os trabalhos, marcando os 25 anos da ALA, agradecendo a participação do Ministro Mota Soares e o trabalho empenhado de todos os académicos que, de forma voluntária, têm tornado possível à instituição o cumprimento das suas obrigações estatutárias defendendo Portugal e a cultura Portuguesa. Foi ainda assinalada a inusitada ausência dos representantes das instituições oficiais de Cascais!

Veja AQUI a conferência do Professor Antero Ferreira sobre a vida e a obra do Professor José Hermano saraiva; AQUI a intervenção do Ministro Dr. Pedro Mota Soares; e AQUI o discurso de encerramento pelo Comendador Joaquim Baraona.


SerCascais com... Patinhas Molhadas!




Ventos ciclónicos, chuva torrencial entremeada de granizo, temperaturas muito reduzidas e 100% de humidade foram o cenário de mais uma aventura SerCascais pelos cantos e recantos do Concelho de Cascais.




Numa improvável madrugada de Sábado de Janeiro, desde o Cobre até ao Zambujeiro, Isabel Magalhães, Pedro Rocha dos Santos e João Aníbal Henriques seguiram as passadas do saudoso Cascalense Armando Penin Villar através do curso da Ribeira das Vinhas e atravessando a velhinha Quinta das Patinhas.




Armando Penin Villar

Nascido em Cascais a 6 de Setembro de 1889, Armando Penin Gomes Villar foi uma das mais extraordinárias figuras da História recente de Cascais. Antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, onde desenvolveu trabalho profícuo e que muitas consequências teve no dia-a-dia dos Cascalenses e que se sentem até à actualidade, Armando Vilar foi ainda dirigente da Sociedade Propaganda de Cascais, Presidente da Cooperativa Agrícola de Cascais e dirigente do Estoril Plage. Morreu em Lisboa, com 100 anos, em 1989.



Azenha do Zaganita

Mais à frente, numa paisagem ambígua na qual se misturam os sons roucos dos automóveis que circulam a alta velocidade no troço final da A5 com o rumor incessante da água que corre pelo leito antigo da Ribeira das Vinhas, a Azenha do Zaganita. Perdida das suas funções originais, e de há muito desconhecendo a mão sábia do moleiro que ali produzia o milagre alquímico de transformar o Sol em alimento, transmutando os grãos de cereal em pão, a azenha, inserida num conjunto variado de engenhos interessantíssimo, é hoje uma ruína charmosa que uma futura gestão municipal consciente e interessada não poderá deixar de aproveitar.




Penhas da Marmeleira

Depois, cruzado pelo sopro incrível do vento que fustigava a cara e os membros trazendo até ao vale o frio cortante da Serra de Sintra, o Parque Urbano das Penhas da Marmeleira. Com uma paisagem deslumbrante e uma situação geofísica impossível de repetir, as Penhas da Marmeleira fazem parte de um conjunto de sugestões efectuadas pela Fundação Cascais no ano 2000 e que a Autarquia Cascalense, pela mão do antigo edil António Capucho, foi capaz de concretizar. Agora, para que o avultadíssimo investimento municipal não se perca em nova senda de abandono e incúria, importa levar ali os Cascalenses e fomentar as condições para que eles possam usufruir desta autêntica preciosidade extraordinárias que a maior parte ainda desconhece.



Fundação São Francisco de Assis e o Zambujeiro

Por fim, junto ao Zambujeiro, o carrascal antigo de Cascais é cortado pelas construções inesperadas da Fundação São Francisco de Assis que, também ela com investimento municipal, recria uma plataforma de recolha e de promoção da adopção de animais abandonados. Pena é que, depois de tantos anos de boa gestão e de trabalho excelente, as instalações estejam agora num aparente abandono, com a vedação virada a Nascente completamente destruída. E que os animais, outrora bem cuidados nas instalações pagas com o dinheiro dos munícipes, deambulem agora livremente pelo vale, desesperando os poucos aventureiros que por ali teimam em seguir.



Porque vale a pena SerCascais!

Fica no fim a certeza reforçada de que, mesmo apesar do temporal, do sofrimento da jornada e da inexplicável incúria que transversalmente vai afectando a nossa terra, vivemos num espaço verdadeiramente privilegiado, comprovando que vale mesmo a pena SerCascais!







quinta-feira

Por um Novo Paradigma para Cascais: por Isabel Magalhães



Capela de Santo Amaro de Alcântara (Lisboa): Os Tesouros Ocultos e Maltratados da Portugalidade





por João Aníbal Henriques

Situada num local com vista privilegiada sobre o Rio Tejo, no morro de Santo Amaro, em Alcântara com a Ponte Salazar no horizonte, a Capela de Santo Amaro é um dos mais interessantes e desconhecidos tesouros da Cidade de Lisboa.

Utilizando uma pouco usual estrutura circular, assentando num conjunto de pilares que dão forma a uma galilé semi-circular fechada por quarto portões monumentais em ferro forjado que serão provavelmente de época posterior, a capela integra uma interessantíssima colecção azulejar de gosto tardo-maneirista que acompanha um conjunto simbólico normalmente associado ao milagreiro Santo Amaro.

Construída em 1549, com projecto de Diogo de Torralva, possui ainda um importante conjunto de simbologia Templária, provavelmente remetendo para o carácter lendário que acompanhada a origem da santidade daquele local.

Esse facto vem reforçar de forma extraordinária a importância deste espaço que, embora esteja classificado oficialmente como Monumento Nacional desde 1910, apresenta inaceitáveis sinais de incúria e desleixo que contrastam de forma evidente com o seu enorme potencial turístico e cultural.