sexta-feira

Morreu José Hermano Saraiva (1919-2012)




Depois de 92 anos de uma vida plena e produtiva, faleceu hoje durante a manhã, na sua casa de Setúbal, o investigador, romancista, historiador, jurista, diplomata e, sobretudo, comunicador, José Hermano Saraiva.

Nascido em Leiria no dia 3 de Outubro de 1919, José Hermano Saraiva iniciou a sua vida pública como político. Deputado à Assembleia Nacional, Procurador à Câmara Corporativa e mais tarde Ministro da Educação, tornou-se Embaixador de Portugal no Brasil entre 1972 e 1974, assumindo com grande empenho a representação do País junto daquela potência estrangeira.

Das muitas estórias que serviam de enquadramento à sua História de Portugal, sublinhava permanentemente as muitas experiências extraordinárias que viveu durante esse período dedicado à diplomacia e, sobretudo, a forma como ultrapassava as vicissitudes e dificuldades associadas à falta de meios ao seu dispor para cumprir a sua missão. Dessa época, o Professor Hermano Saraiva lembrava sempre a ocasião em que transformou o Navio Gil Eanes, ancorado ao largo do Rio de Janeiro, numa espécie de Embaixada flutuante, para resolver o problema que lhe suscitavam as precárias instalações que Portugal possuía nessa cidade.

Depois de 1974, José Hermano Saraiva dedicou-se à comunicação, tendo assumido a autoria e a apresentação de vários programas na televisão que, tendo popularizado a sua veia historiográfica, lhe granjearam o reconhecimento unânime por parte da população.

Comunicador nato, conseguia transmitir com uma alegria e um entusiasmo incomuns os vários factos e episódios que haviam constrangido a História de Portugal.

Também desse período, são os muitos livros que escreveu e publicou, com especial ensejo para a "História Concisa de Portugal" que conheceu um número perfeitamente anormal de edições em linha com a importância que ele teve na divulgação da nossa Identidade e, por conseguinte, na consolidação da Nacionalidade Portuguesa.

Foi ainda um dos mais proeminentes e ilustres académicos da ALA - Academia de Letras e Artes, fazendo parte da generalidade das academias, institutos e associações culturais Portuguesas.

O desaparecimento de José Hermano Saraiva representa uma perda inestimável para Portugal e para os Portugueses, sendo assumidamente insubstituível na forma como foi capaz de conjugar os seus ideais e interesses pessoais, com os interesses maiores de Portugal e dos Portugueses.






quarta-feira

A Villa Romana de Freiria e as Tristes Memórias Históricas de Cascais




Classificada como Imóvel de Interesse Público desde o dia 19 de Junho de 1997, através da Resolução do Conselho de Ministros nº 96/1997, a Villa Romana de Freiria  é uma das mais preciosas peças do património histórico Cascalense.

Situada entre as povoações de Polima e Outeiro de Polima, na Freguesia de São Domingos de Rana, a Villa Romana de Freiria é um dos mais emblemáticos exemplares deste tipo de ocupação em todo o Mundo Romano.

Datada dos Iºs e IIºs Séculos da Era Comum, Freiria teve ocupação comprovada pelo menos desde o Calcolítico, visíveis as peças do Período Campaniforme e, sobretudo, da Idade do Bronze que ali foram encontradas. A existência de um povoado amuralhado numa dessas épocas, atestado por diversos achados avulso, aponta para uma ocupação intensiva e de grande continuidade, facto que determina a qualidade extrema dos objectos cerâmicos ali encontrados. De acordo com os arqueólogos responsáveis pelo estudo do povoado, Guilherme Cardoso e José d’Encarnação, a qualidade dessas peças denuncia uma ligação comercial aos centros onde elas eram produzidas: “Salienta-se a excelente qualidade das peças estudadas, demonstrando-se que nos encontramos perante uma população que está, efectivamente, em contacto com os melhores centros produtores de determinados objectos, mormente no que concerne aos objectos de adorno encontrados (fecho de cinturão, fíbulas, contas de colar...)”.

Já no período de ocupação romana, a Villa terá pertencido a T(itus) Curiatius Rufinus, tendo em conta a inscrição patente na sua lápide funerária dedicada à divindade pré-romana Tribunnis.

A principal peça deste período, um quadrante solar datável dos primeiros séculos da Era Cristã, complementa o enquadramento facultado pela existência de um celeiro que, a todos os níveis, só encontra paralelo num outro situado na Cidade Espanhola de Cáceres e que se encontra associado a um moinho. Para além destes, existe ainda uma domus de características excepcionais, composta por um Peristilo e Impluvium circundado de "espelhos de água" e o envolvente corredor provido de colunas. De salientar são ainda os pavimentos em mosaicos policromos que revestiam algumas da habitações e que, mercê do estado geral de abandono e incúria em que se encontra o monumento, estão agora espalhados por todo o recinto.

Na parte rural, e para além do celeiro e do moinho, existem ainda vestígios de um antigo cemitério, com área própria para incineração dos cadáveres, um complexo de termas, com banhos quentes e frios, um lagar e um forno de cozer pão. Para além disto, foi ainda encontrado um enorme conjunto de telhas que os arqueólogos consideram ter feito parte de uma estrutura coberta que ligaria as diversas partes que compõem a Villa Romana.

Nos dias que correm, e em que Cascais necessita avidamente de se afirmar no contexto de uma Europa ávida de memórias, é particularmente preocupante assistir de forma impávida à degradação galopante que tomou conta deste monumento. Em primeiro lugar porque sendo um Imóvel de Interesse Público, reconhecido pelo Estado e classificado oficialmente, deveria ser alvo de medidas concretas de protecção que salvaguardassem o seu valor e a sua importância para o conhecimento da História e da Identidade deste recanto de Portugal. Depois porque, num Concelho como o de Cascais em que a vocação é o turismo de qualidade, o potencial desta estação arqueológica se perde por completo pelo estado generalizado de evidente desconsideração a que foi votado pela Autarquia.

O desinteresse pela cultura, pela História e pelas memórias, agrava-se em Freiria pelo desrespeito que tal situação representa perante o trabalho dos arqueólogos que escavaram e estudaram este monumento, e principalmente pela dedicação de Guilherme Cardoso, que ali literalmente deixaram o seu suor, trabalho, dedicação e empenho em prol da recuperação da memória da nossa terra.

É uma pena que existam outros interesses, bem visíveis em Freiria e nos bairros clandestinos que legalmente vão envolvendo o monumento, que se vão sobrepondo aos interesses de Cascais e dos Cascalenses…






segunda-feira

Pedro Rocha dos Santos Eleito Presidente da GMIC





Pedro Rocha dos Santos, profissional de turismo e Director do Centro de Congressos do Estoril, foi eleito por unanimidade como Presidente do Capítulo Ibérico do GMIC – Green Meeting Industry Council, a primeira instituição global dedicada à indústria do turismo e dos eventos sustentados.

Neste acto, que reconhece o valor pessoal e profissional de Pedro Rocha dos Santos enquanto mentor e promotor de uma nova consciência ao nível daquela que é uma das áreas de actividade mais pujantes no Mundo actual, é também um prémio que recebe o Estoril enquanto destino sustentável de excelência, em linha com o trabalho que o novo Presidente e a sua equipa do Centro de Congressos do Estoril têm vindo a desenvolver.

Numa altura em que tantos e tão grandes desafios se colocam a Portugal e à Europa, é com entusiasmo que saudamos o Pedro Rocha dos Santos por este reconhecimento internacional e, sobretudo, pela sua coragem, determinação e empenho na defesa de um futuro para o Turismo do Estoril.

É desta forma, através da promoção de qualidade, que se dá continuidade do projecto Estoril e, em termos Nacionais, se criam as bases para que o País se possa reafirmar neste Planeta globalizado em que vivemos.

Ribeira das Vinhas - Uma Preciosidade Extraordinária de Cascais






Cascais tem potencialidades extraordinárias que poucos conhecem mas que são essenciais para garantirmos um futuro sustentado para esta nossa terra tão especial. O Vale da Ribeira das Vinhas, que é um braço do Parque Natural que entra dentro da Vila de Cascais, é uma dessas zonas excepcionais e que, com um impacto paisagistico, ambiental patrimonial, educativo e estrutural imenso, importa desde já conhecer e potenciar.

Quando em 1995 a Fundação Cascais propôs a criação de um eco-corredor utilizando o antigo caminho rural que dá serventia à ribeira, já tinha como preocupação a criação de uma zona de descompressão verde para a Vila e, sobretudo, a possibilidade de o fazer com um esforço financeiro mínimo para o erário público. Hoje, quando atravessamos esta crise tremenda que nos foi imposta pelos partidos, redobra de importância esta nossa proposta.

É urgente que o Vale da Ribeira das Vinhas, ligado a montante à Ribeira dos Marmeleiros e ao Rio da Mula, seja imediatamente intervencionado e colocado ao serviço da qualidade de vida dos Cascalenses. É um dos mais impactantes recantos de Cascais e, acima de tudo, é um reduto de qualidade de vida que não podemos dar-nos ao luxo de não aproveitar.