quarta-feira

A Estação Arqueológica do Castro da Cola




Recuam ao Século XVI as primeiras referências literárias ao Castro da Cola, importante estação arqueológica situada a escassos doze quilómetros de Ourique, no Alentejo. André de Resende, conhecido humanista eborense dessa época, esteve naquele local no ano da graça de 1573, sendo que dois séculos depois terá sido seguido nesse acto por Frei Manuel do Cenáculo, que ali efectuou um primeiro estudo topográfico.

Segundo Joaquim Figueira Mestre, o Castro da Cola ocupou desde sempre o imaginário das gentes da região: “ (…) existindo lendas de tesouros e mouras encantadas na sua tradição oral. O Castro da Cola chegou assim até nós mitificado e envolto numa auréola de mistério”.

Em termos concretos, o Castro de Nossa Senhora da Cola teve uma ocupação que vai desde o período Neolítico até ao reinado do Rei Dom Afonso III sem que, no entanto, tenham deixado de existir certos hiatos de tempos nessa ocupação.

Durante a época muçulmana, o Castro da Cola mais não era do que um pequeno povoado fortificado, possuindo na sua base as componentes de uma economia agro-pastoril, baseada não só nos interesses e nas disponibilidades dos povos de então, mas também nas potencialidades naturais da região.

O período do seu apogeu, ao que parece, deu-se no dealbar na Nacionalidade, assistindo-se nesse período à construção de diversas edificações no interior do povoado. Segundo Abel Viana, são dessa época os grosseiros pavimentos de “pequenas e mesquinhas habitações”, de que precedem a maior parte dos vestígios ali encontrados.

A destruição e abandono do local, mais do que às vicissitudes do tempo, ficou a dever-se sobretudo às diversas violações impostas ao monumento ao longo da sua longuíssima História e principalmente durante os primeiros anos do Século XX. Segundo consta em relatos dessa altura, existia na Aldeia de Palheiros um grupo de caçadores de tesouros que escavaram o castro, destruindo para sempre uma grande parte das informações que ele teria para nos oferecer.

Numa época em que a Europa nos surge ávida de singularidades que tornem atractivos os seus territórios, e em que Portugal tanto necessita de conhecer e reconhecer as suas inúmeras mais valias, resta-nos esperar que as entidades responsáveis assumam a importância deste lugar, salvaguardando aquela que é uma das mais importantes peças da herança cultural do Alentejo.

A bem de Portugal!