terça-feira

Aborto - Amanhã Vão Morrer Legalmente Mais 53 Portugueses





Quando em 2007 um referendo não vinculativo legalizou o aborto, muito mudou na face de um País marcado por uma longa tradição em defesa dos valores da vida e da família. Durante a campanha, quer por parte dos que defendiam a legalização, quer por parte dos que eram contra o aborto, esgrimiram-se argumentos e discutiram-se definições que esconderam essa dura realidade aos Portugueses.

O aborto não é, como muitos disseram nessa altura, uma mera interrupção voluntária da gravidez. O aborto é, há que assumir esse facto, um assassinato puro e simples. É a decisão de um conjunto de pessoas de pôr termo à vida de outra. É a imposição da força de uns quantos à fragilidade de outros. É a imputação a alguns da possibilidade de nascer e de fazerem a diferença num Mundo cada vez mais ávido de gente capaz. Os que são mortos através do aborto, não têm qualquer espécie de possibilidade de se defenderem nem de argumentarem o que quer que seja em favor da sua vida.

A legalização do aborto representa, desta forma, o aval do estado ao homicídio e, mais preocupante ainda, a comparticipação do estado neste acto odioso. Cada vez que é praticado um aborto num hospital público em Portugal, todos nós, através do erário público, estamos a pagar para erradicar uma vida.

Durante algum tempo, quando muitos se preocupavam em lançar explicações que apaziguassem as consciências, falou-se nas virtudes do aborto a vários níveis. A nível económico, pois evitava que se gastasse dinheiro no apoio social à vida nascente; a nível político, pois se dizia que Portugal estava atrasado relativamente ao Mundo dito civilizado; a nível da saúde, pois o aborto era uma solução extrema que só seria usada em casos considerados graves e prementes, etc. etc. etc.

Hoje sabemos que nada disto é verdade.

Só em 2009, mataram-se legalmente 19572 seres humanos em hospitais públicos em Portugal. Ou seja, uma média de 53 pessoas mortas por dia numa média que implica os pais pela sua decisão, os familiares deles pelo apoio, as equipas médicas pela prática cirúrgica, e cada um de nós porque pagamos a operação.

Mas existem ainda dados piores e mais preocupantes. De acordo com o relatório agora tornado público, só em 2009 quase um terço das mulheres que abortaram por sua vontade fizeram-nos mais de uma vez num ano… ou seja, a decisão do aborto não foi tomada de ânimo pesado, nem tão pouco se ficou a dever a um qualquer percalço ou inadvertência a que elas tenham sido alheias. Foi uma decisão consciente, tomada cada vez mais de espírito leve, como forma de resolução de um “problema”… Não ouso dizer que o aborto se tornou num método contraceptivo pago por todos nós, pura e simplesmente porque a concepção já ocorreu e a vida humana já existe quando ele foi praticado. De resto é igual.

É muito triste sabermos que amanhã, depois de acordarmos e iniciarmos o nosso dia, mais 53 pessoas vão ser assassinadas legalmente em Portugal sem que nada possamos fazer. É mais triste ainda verificar que esse acto, que põe termo àquele que é o mais precioso dos bens do Homem – a vida – é feito em total desrespeito pelos interesses e pelos direitos daquele ser que nem sequer pode gritar para se defender.

É triste fazer-se isto em Portugal.

Um Deserto de Ideias em Portugal...





A menos de um mês das eleições presidenciais, Portugal parece não ter ainda percebido a importância da decisão que será tomada por todos em Janeiro. De facto, e contrariando aquilo que tem sido comum desde que Eanes chegou a Belém em meados dos anos 70, desta vez o Presidente da República terá uma palavra a dizer relativamente ao futuro de Portugal.

O alheamento dos Portugueses não é, no entanto, culpa sua. Se tomarmos atenção à campanha, se é que se pode considerar como campanha as investidas destrambelhadas de quase todos os candidatos e o mutismo permanente do actual presidente, rapidamente concluiremos algo que é tradutor daquilo em que transformaram o nosso Portugal: um completo, inquietante, promíscuo e preocupante silêncio.

Da esquerda à dita direita; de Cavaco Silva a Francisco Lopes; do poeta alegre ao fundador da AMI; não vem uma única ideia, projecto ou solução que permita aos Portugueses imaginarem o futuro com optimismo. Quem os ouve, e quem dedica atenção às suas intervenções, rapidamente constatará que não existe nada nos seus discursos e intervenções que entendamos ser um passo em frente na resolução dos nossos problemas.

Desta maneira, quem poderá culpabilizar os Portugueses por não se entusiasmarem com este momento tão importante? Quem poderá culpá-los pelo desastre político que vamos enfrentar no próximo ano? Quem poderá julgar o seu alheamento relativamente aos destinos de Portugal? Ninguém. Absolutamente ninguém.

Os políticos activos que temos já demonstraram que estão completa e absolutamente divorciados dos Portugueses. A abstenção crescente que acompanha os actos eleitorais em Portugal é o mais evidente sinal dessa situação inquietante. Porque se Portugal não assume os seus destinos; se a população não intervém nas decisões do dia-a-dia; se a comunidade Nacional não se motiva para participar na vida política; então estamos condenados a que, mais ano menos ano, apareça alguém com força suficiente e uma vontade férrea para deitar a mão a Portugal. Se olharmos para a História veremos que foi sempre assim ao longo dos séculos, num ciclo que se repete de geração para geração.

Depois… não se queixem!

A Vivenda Beira Rio e as Memórias Antigas da Vila de Cascais




Junto ao Jardim Visconde da Luz, mesmo no centro de Cascais, encontramos ainda hoje um imóvel de características únicas que passa despercebido à generalidade dos Cascalenses.

Chama-se Vivenda “Beira-Rio” e, como o seu nome indica, foi construída nas margens da antiga Ribeira das Vinhas, que atravessava a Vila de Cascais. A casa, de traça marcada pelos resquícios da moda do veraneio que alterou profundamente o devir urbano da antiga terra de pescadores, é um chalet do início do Século XX e, apesar das alterações que sofreu no início da década de 90 do século passado, mantém ainda quase intocada a sua formulação estética baseada em pressupostos que deram forma ao Monte Estoril e ao Estoril.

Quanto à Ribeira das Vinhas, que ainda hoje atravessa o mesmo local, foi encanada para permitir a construção da Avenida Marginal e apesar das muitas contrariedades pelas quais passou durante os últimos anos de liberdade à face da vila, deixou saudades profundas numa série de ilustres Cascalenses.

O mais importante será talvez Dom Simão Aranha, mais conhecido por Pedro Falcão. Quando publicou o seu “Cascais Menino”, já nos inícios de 80, dedicou à ribeira um capítulo muito especial. Chamou-lhe sonho e apelidou-o de utopia, mas teve a coragem de sonhar com uma ribeira de novo livre, a correr a céu aberto através de Cascais e adaptada à travessia de pequenos barcos à vela e das chatas dos pescadores… Achava ele que, navegável até à actual Rotunda Francisco Sá Carneiro, voltaria a ser um dos atractivos principais de um Cascais sentido e sensível que ele nunca se cansou de defender e propagar.

A Vivenda Beira-Rio, pela sua formulação tipológica, pelo enquadramento num período dourado da História da Vila de Cascais, e sobretudo pelo testemunho que deixa de uma vila muito diferente, em que a ribeira estabelecia a ligação do povo ao mar e, simultaneamente, marcava a diferença entre as povoações situadas em ambas as suas margens, deveria ser alvo de um cuidado especial por parte de quem é responsável pela gestão patrimonial da nossa terra.

O mínimo seria, até em memória de tantos que dela gostaram muito, classificá-la como imóvel de interesse público, contribuindo assim para a preservação da memória colectiva e da Identidade do Concelho de Cascais.



segunda-feira

"Memórias de Mim" Comemoram 80 Anos de Vida do Professor Antero Simões





Foi publicado recentemente o livro "Memórias de Mim", da autoria do professor, desportista, investigador e poeta Antero Simões. O documento, que comemora o 80º aniversário natalício do autor, assume-se como um extraordinário contributo para conhecer o homem e a sua obra, mas também para perceber, entender e contextualizar aquilo que foi a História de Portugal ao longo das últimas décadas. Mais do que uma auto-biografia, "Memórias de Mim" leva-nos numa inesquecível viagem através de uma vida sentida e sensível, da qual emergem figuras ímpares que Antero Simões não nos deixa esquecer. De especial importância, num momento em que tantos se esforçam para uma promoção imerecida, está o carácter intimista desta obra, coadjuvada pela compilação de homenagens que comporta a figuras que foram essenciais para o crescimento de Antero Simões mas que, na dimensão das suas próprias existências, foram também essenciais para a recriação da identidade portuguesa. Antero Simões, que se distinguiu no ténis e na poesia, áreas em que granjeou fama e grande notoriedade, foi sempre essencialmente um professor de excelência, com uma carreira longa e marcada por uma entrega que transformou por completo muitas das vidas que se cruzaram com a dele. Para além de outros locais, o Professor Antero Simões esteve também no Colégio João de Deus, no Monte Estoril, onde partilhou com colegas e alunos as vicissitudes de uma experiência pedagógico-educativa inovadora que muito poucos ainda conseguiram entender, e que neste livro surge contextualizada na primeira pessoa. Uma obra a não perder!




sexta-feira

O Mito da Incivilidade em Cascais






Numa recente viagem a Londres observei algo que por lá é normal, mas que visto com atenção nos oferece pistas importantes sobre a forma como se vai degradando a nossa Portugalidade. Os passeios da cidade, contrariamente ao que acontece em Portugal e principalmente em Cascais, não possuem pilaretes de protecção contra o estacionamento abusivo. E, ao longo dos muitos passeios pedestres que por ali dei, não encontrei um único carro estacionado fora do seu lugar.

Em Cascais passa-se exactamente o contrário. Em torno dos milhares de pilaretes de protecção instalados pela autarquia; em cima de passadeiras; nas entradas das casas; nos acessos aos serviços públicos; em volta dos monumentos históricos; em espaços reservados aos bombeiros e às ambulâncias; e nos passeios mais inesperados (mesmo quando por vezes existe estacionamento disponível a três ou quatro metros de distância), os carros amontoam-se, obrigando os peões a constantes incursões para o alcatrão da estrada para contornarem esses obstáculos.

Especialmente gravoso é o passeio situado em frente ao Tribunal de Cascais, junto à Papelaria Xandré, no Largo da Misericórdia, na Rua Tenente Valadim, no Largo do Prior ou mesmo nas ruelas apertadas do casco velho da vila…

Este fenómeno, transversal à sociedade portuguesa mas demasiadamente visível em Cascais, mostra bem como têm sido destruídos os valores principais que sempre orientaram a nossa sociedade, e como o sistema educativo que nos obrigam a ter está a apagar por completo todos os resquícios de cidadania e de civilidade que herdámos ao longo de 900 anos de História.

Já nem se pede que os cidadãos alarves que vivem desta maneira consigam pensar no seu semelhante e percebam que a sua forma de vida trás implicações graves à mobilidade dos demais. Isso seria pedir muito a uma sociedade assente nos muitos direitos consagrados numa lei que nada prevê em termos das consequentes responsabilidades de quem deles usufrui. Pede-se somente que pensem em si próprios, e que percebam que amanhã, por acidente, por doença ou por uma outra situação qualquer, serão eles quem terá mobilidade reduzida e precisará de circular em Cascais utilizando cadeira de rodas ou muletas.

Fica o desafio: pegue numa cadeira de rodas; coloque-se no lugar de um cidadão que se debata com este problema; e tente ir ao Tribunal de Cascais, à esquadra da PSP, à Santa Casa da Misericórdia, à Câmara Municipal, à estação ou a qualquer outro local da vila. É impossível faze-lo.

Não existindo educação, a resolução do problema exige a aplicação da força. Multas, coimas, reboques, bloqueadores, mão firme e penas pesadas para quem não tem a capacidade de respeitar os demais.

Se nas cidades civilizadas isso é possível, porque razão não conseguimos fazer isso em Cascais?








quarta-feira

Academia de Letras e Artes Discutiu o Futuro do Turismo do Estoril




Numa iniciativa da ALA - Academia de Letras e Artes, decorreu ontem a segunda edição das "Tertúlias do Monte", desta vez subordinada ao tema "O Futuro do Turismo do Estoril". A iniciativa, que contou com Pedro Rocha dos Santos (Director do Centro de Congressos do Estoril) como moderador, teve como painel interventivo quatro grandes figuras do turismo na região: António Aguiar (Director Hoteleiro), Bernardo Rodo (Especialista em Marketing), Linda Pereira (Professional Congress Organizer) e Pedro Garcia (Hoteleiro e Administrador da Estoril Plage - sociedade que gere o Hotel Palácio, o Golfe do Estoril, as Termas do Estoril e a Marina de Cascais). Para além da definição das grandes linhas orientadoras do futuro da Costa do Estoril, esta sessão permitiu perceber que estão reunidas todas as condições para transformar o Estoril numa das mais prestigiadas estâncias turísticas da Europa. Existindo um conjunto de excelentes infra-estruturas, designadamente ao nível da hotelaria, da restauração e dos equipamentos, falta agora gerar um quadro político que defina estrategicamente aquilo que será o futuro da região, de forma a garantir que existe a confiança necessária para que operadores, promotores e investidores se sintam confortáveis em colaborar neste desiderato. De facto, com mais esta iniciativa da Academia de Letras e Artes, ficou bem sublinhado o enorme potencial ainda por explorar que Cascais e a Costa do Estoril terão de ser capazes de potencializar num futuro muito próximo. A bem de Cascais e dos Cascalenses...




sexta-feira

Dário Vidal Expõe em Macedo de Cavaleiros




Reciclar foi o mote e o tema da mais recente exposição de Dário Vidal. Numa altura em que a sustentabilidade se tornou fulcro da vida humana, e em que a esperança relativamente ao futuro radica na capacidade de o Homem reconfigurar a sua relação com o planeta, Dário Vidal levou ao Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros um conjunto espantoso de novas propostas. Segundo o artista “(…) temos de reconhecer que há objectos, para alguns tornados desnecessários, que ainda podem ter uma nova vida, recriados em assemblage, com formas específicas, associados a certos estilos de arte”. Com a opinião partilhada por Beraldino Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, a mostra levou ao interior do País o que de melhor Portugal produz ao nível da arte contemporânea. Para além de membro da Academia de Letras e Artes, o currículo de Dário Vidal regista a realização de diversas exposições tanto individuais como colectivas, e o Prémio de Pintura da Fundação Marquês de Pombal. A sua obra está presente em diversas instituições, das quais se destacam o Museu Nacional do Paço dos Duques, em Guimarães, o Museu da Água e a Colecção Berardo em Lisboa.



quarta-feira

A Estação Arqueológica do Castro da Cola




Recuam ao Século XVI as primeiras referências literárias ao Castro da Cola, importante estação arqueológica situada a escassos doze quilómetros de Ourique, no Alentejo. André de Resende, conhecido humanista eborense dessa época, esteve naquele local no ano da graça de 1573, sendo que dois séculos depois terá sido seguido nesse acto por Frei Manuel do Cenáculo, que ali efectuou um primeiro estudo topográfico.

Segundo Joaquim Figueira Mestre, o Castro da Cola ocupou desde sempre o imaginário das gentes da região: “ (…) existindo lendas de tesouros e mouras encantadas na sua tradição oral. O Castro da Cola chegou assim até nós mitificado e envolto numa auréola de mistério”.

Em termos concretos, o Castro de Nossa Senhora da Cola teve uma ocupação que vai desde o período Neolítico até ao reinado do Rei Dom Afonso III sem que, no entanto, tenham deixado de existir certos hiatos de tempos nessa ocupação.

Durante a época muçulmana, o Castro da Cola mais não era do que um pequeno povoado fortificado, possuindo na sua base as componentes de uma economia agro-pastoril, baseada não só nos interesses e nas disponibilidades dos povos de então, mas também nas potencialidades naturais da região.

O período do seu apogeu, ao que parece, deu-se no dealbar na Nacionalidade, assistindo-se nesse período à construção de diversas edificações no interior do povoado. Segundo Abel Viana, são dessa época os grosseiros pavimentos de “pequenas e mesquinhas habitações”, de que precedem a maior parte dos vestígios ali encontrados.

A destruição e abandono do local, mais do que às vicissitudes do tempo, ficou a dever-se sobretudo às diversas violações impostas ao monumento ao longo da sua longuíssima História e principalmente durante os primeiros anos do Século XX. Segundo consta em relatos dessa altura, existia na Aldeia de Palheiros um grupo de caçadores de tesouros que escavaram o castro, destruindo para sempre uma grande parte das informações que ele teria para nos oferecer.

Numa época em que a Europa nos surge ávida de singularidades que tornem atractivos os seus territórios, e em que Portugal tanto necessita de conhecer e reconhecer as suas inúmeras mais valias, resta-nos esperar que as entidades responsáveis assumam a importância deste lugar, salvaguardando aquela que é uma das mais importantes peças da herança cultural do Alentejo.

A bem de Portugal!




segunda-feira

Almodôvar - Uma História da História de Portugal




Situado estrategicamente a escassas dezenas de quilómetros da cidade de Beja, capital do Distrito, e abrangendo a vasta planície alentejana e as ondulantes serras algarvias, o Concelho de Almodôvar desde cedo despertou a atenção do Homem.

A fertilidade dos seus terrenos e a amenidade do seu clima, são factores fundamentais para o desenvolvimento de uma agricultura rica em produtos essenciais: os cereais, as cortiças, os pastos e a criação de gado.

Data do período Neolítico a ocupação humana em Almodôvar. Vestígios dessa época podemos encontrá-los na Aldeia dos Fernandes junto da estrada para Lisboa, e em diversas antas e monumentos megalíticos situados em todas as suas freguesias. Os exemplares mais deslumbrantes e importantes são as Antas do Meio e as dos Mouriscos.

Do período comummente designado por Idade do Ferro são vastos os testemunhos, deixando bem sublinhada e documentada a própria História dos povos que habitaram este extremo Sul da Península Ibérica.

O Monte do Guerreiro, o Monte dos Mestres, as Mesas do Castelinho, o Corte Freixo, o Tavilhão, o Monte Beirão, o Monte Novo da Misericórdia, o Monte da Azinheira, o Corte Figueira, a Atafona, o Corte Zorrinho, o Castelo dos Mestres e outros, são alguns desses vestígios que, por si só, dão mote para uma visita prolongada ao Concelho de Almodôvar.

Do período Romano também existem vários vestígios no seu território. No Castelinho, no Monte do Castelejo, na Senhora da Graça dos Padrões e na Horta dos Mouros, podemos encontrar ainda muitos sinais da sua passagem por esta região, percebendo bem como se processou o processo paulatino de conquista e ocupação do território que hoje faz parte de Portugal.

O período Árabe, entre 711 e o Século XII foi, no entanto, aquele que marcou decisivamente a vida desta povoação. A sua influência persiste ainda hoje, não só na típica arquitectura das casas, como também no próprio artesanato, de que as típicas mantas alentejanas são a sua mais genuína expressão.

Já durante o período da Nacionalidade, Almodôvar recebeu o seu primeiro Foral das mãos de Dom Diniz, em 1285, tendo o mesmo sido confirmado e ampliado por Dom Manuel I em 1512.

Almodôvar foi Padroado Real e, mais tarde, por doação de Dom Diniz, pertenceu ao Mestrado de Santiago.

Representando um breve e confortável desvio na viagem de férias ao Algarve, a visita a Almodôvar representa uma incursão num dos mais emblemáticos municípios de Portugal. A sua riqueza urbana, histórica, gastronómica, enológica e cultural, e principalmente o facto de se manter praticamente desconhecida do visitante comum, faz deste espaço um local deslumbrante que transforma radicalmente a forma por vezes sombria como alguns caracterizam Portugal!




sábado

Ourique - Mais uma Pérola que Portugal tem de Descobrir





Com uma vasta História, rica em complicados episódios que marcaram decisivamente o próprio devir histórico Nacional, Ourique e o seu Concelho possuem diversos vestígios imensos motivos de interesse.

Para além do seu castelo, bastante alterado e desvirtuado na sua formulação espacial mas ainda marcante por aquilo que representa no contexto da nossa Nacionalidade, Ourique possui ainda várias Igrejas, capelas e ermidas que constituem, no seio de um infindável potencial turístico, um valioso património cultural.

Os primeiros passos da existência de Ourique foram certamente dados durante o dealbar da independência de Portugal. Sabe-se, através as fontes escritas, que a História de Ourique se revela de grande importância em pleno Século XII, ainda durante o processo de reconquista do território da Península Ibérica aos Mouros.

Foi na planície do campo de Ourique, pese embora a controvérsia, que D. Afonso Henriques enfrentou as tropas mouras chefiadas por Esmar, no já longínquo ano de 1139. As interpretações variam e as lendas são díspares em relação ao que realmente sucedeu, mas os dados de cariz toponímico e geo-estratégico apontam cada vez mais para a veracidade desta crença.

Também quanto à origem do nome da povoação persistem duas versões: ORIK, dos Árabes, com a significação de infortúnio e/ou desgraça , a assinalar a derrota sofrida perante o reconquistador Cristão; ou a derivação de OURIQUE, do ouro que se diz ter existido em abundância nos seus solos.

O crescimento da Vila e o incremento da sua importância estratégica na defesa e na manutenção da independência Nacional, terão estado na base dos diversos forais que Ourique recebeu ao longo do Século XIII, reconhecendo os direitos e os deveres da comunidade aqui existente e autorizando a sua participação na vida administrativa do Reino. Em 1288, durante o reinado de Dom Diniz, foi concedida a Ourique a carta de feira anual, traduzindo também o seu destacado papel na vida económica, social e política do Portugal medieval. Nesta época, a concessão deste tipo de documento, com as suas consequentes prerrogativas, assentava na existência de meios de produção de riqueza de dimensões consideráveis e de uma relevância grande no contexto do equilíbrio económico do Reino de Portugal. Era nessas feiras, aliás, que se desenvolviam as diversas actividades relacionadas com a administração do País, sendo também aí que se criaram as primeiras actividades culturais que deram forma à Identidade Nacional.

A importância de Ourique vai crescendo de forma permanente ao longo dos Séculos, facto comprovado com a atribuição de novo foral, já no Século XVI, quando Dom Manuel I, com vista à actualização administrativa do Reino, procede à reforma dos forais.

A Comarca de Ourique, que já existia em 1646, conservou-se na Vila até 1865, altura em que foi transferida para Almodôvar, e de onde só voltou em 1874. Relatos dos jornais da época apontam para a realização de um grande cortejo fúnebre organizado pela populações e pelas entidades locais, que terá acompanhado a transferência e marcado o desagrado de todos perante tal situação.

Em épocas mais recentes, a História de Ourique tem acompanhado a linha que serve de orientação à generalidade dos mais pequenos municípios do Alentejo. Um peso extraordinário atribuído à agricultura, acompanhado pelo declínio da sua capacidade de produzir riqueza quando a indústria se começa a impor às lides da terra. No ano de 1900, a população de Ourique era de 9143 pessoas que, como já acontecia cerca de sete séculos antes, se dedicava maioritariamente à agricultura e ao gado. Cinquenta anos depois, em 1950, atinge-se o pico do crescimento da povoação, com um conjunto populacional de 16685 pessoas. De então para qual, e num processo paulatino, Ourique tem vindo a perder os seus habitantes, sendo que em 2001 o número total de residentes se cifrava nos 6703.

Situada estrategicamente junto à Estrada que leva Lisboa ao Algarve, e marcada por uma História excepcional que se associa a um património riquíssimo, Ourique é mais uma das preciosidades de Portugal que teima em manter-se desconhecida e desaproveitada no seu imenso potencial.

Um Portugal coeso, consciente e sólido, assente numa Identidade bem vincada e num edifício sócio-ecomómico que suporte a consciência crítica dos seus cidadãos e a cidadania activa que todos desejamos, tem obrigatoriamente de ser capaz de se conhecer e, com isso, reconhecer cada um destes espaços onde tudo está ainda por fazer e rentabilizar.


Academia de Letras e Artes e Junta de Freguesia de Cascais Evocam a Memória de Cascais



Numa iniciativa conjunta da ALA - Academia de Letras e Artes e da Junta de Freguesia de Cascais, que contou também com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, foram homenageadas três figuras ilustres do passado Cascalenses. O fotógrafo César Guilherme Cardoso, o poeta Fernando Tavares Rodrigues e o Empresário João Cabral da Silva, foram relembrados numa cerimónia evocativa das suas memórias e do seu contributo para a consolidação da memória colectiva do Concelho. Reforçando o testemunho de memória e de gratidão relativamente a estes três vultos da História de Cascais, a ALA e a Junta de Freguesia de Cascais inauguraram topónimos em três arruamentos da Freguesia, perpectuando assim os seus nomes na memória colectiva de Cascais.


FERNANDO TAVARES RODRIGUES




Fernando Jácome de Castro Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa em 1954.

Licenciado em Ciências Sociais e Humanas ...pela Universidade Nova de Lisboa, e diplomado em jornalismo foi sociólogo, jornalista, poeta e escritor, tendo publicado vários livros e criado letras para alguns dos mais conceituados artistas Nacionais, nomeadamente Beca do Amaral, Kátia Guerreiro, João Veiga, Maria Germana Tânger, José Campos e Sousa, etc.

Foi membro do Conselho de Gerência da RTP e adjunto para a Comunicação Social do então Primeiro-Ministro Cavaco Silva, e relações públicas da EPAL. Fernando Tavares Rodrigues foi ainda membro do Conselho de Leitura da Bertrand Editores, dirigente da Associação Portuguesa de Escritores e Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Poetas.

Foi também académico da ALA – Academia de Letras e Artes, com sede em Cascais, tendo vivido no Monte Estoril, onde fazia parte da direcção da Associação de Moradores.

Faleceu em Lisboa em Fevereiro de 2006.








CÉSAR GUILHERME CARDOSO




O olhar de César Guilherme Cardoso (1920-2005) fixou mais de 60 anos da história de Cascais em milhares de fotografias. Os monarcas exilados no concelho confiaram-lhe retratos da intimidade porque era um anti-paparazzo, um fotógrafo com princípios. No âmbito da sua actividade, e a partir do seu atelier em Cascais, Césa...r Cardoso estudo afincadamente as mais moderna técnicas ligadas à fotografia, tendo reunido um valioso acervo que actualmente se encontra no Arquivo Histórico de Cascais.







JOÃO CABRAL DA SILVA




João Cabral da Silva, nascido na Freguesia de Carvide (Leiria) em 1905 e radicado em Cascais desde tenra idade, foi comerciante e empresário dinâmico da nossa terra, tendo desenvolvido longa e profícua actividade em diversas instituições sedeadas em Cascais. Diplomado em Contabilidade pelo Ateneu Comercial de Cascais, João Cabral da Silva foi Presidente do Grémio dos Comerciantes em Cascais onde fundou e explorou diversas empresas nos ramos da mediação imobiliária, seguros, papelaria e relojoaria. Na Tabacaria Cabral, no Largo Camões, fundou a primeira biblioteca pública de Cascais, tendo sido directamente responsável pela promoção das letras e das artes no nosso Concelho. Profundamente religioso, e professando a religião Católica, João Cabral da Silva assistiu à última das Aparições de Fátima, em 1917, tendo assistido ao Milagre do Sol. Como consequência deste facto, a capela da sua casa da Charneca, em Cascais, foi consagrada ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima. Faleceu na Rua Direita, em Cascais, no dia 13/06/1966.